8.12.07

Picasso

Pablo Picasso e Françoise Gilot, França, 1948, foto Robert Capa


histórias de artista

Certa manhã de 1909, Pablo Picasso estava pintando o retrato de Ambroise Vollard, célebre negociante de arte e amigo da maioria dos pintores famosos da época. Picasso estava fazendo o contorno dos olhos, procurando ângulos, quadriláteros e cubos no rosto de Vollard. O genial malaguenho estava em sua fase cubista.
- Vamos descansar um pouco - disse o artista, vendo o aspecto cansado do marchand.
Vollard levantou-se, caminhou até a janela e, enquanto observava o rebuliço da cidade, comentou:
- Estava me lembrando do pobre do Cézanne. - Cézanne havia morrido três anos antes. - Ele também me pintou de frente, como você. Cézanne, Monet, Renoir, Sisley!... - os olhos de Vollard se inundaram de nostalgia. - O grupo de pintores mais famosos que a França já teve!
- É verdade, mas Cézanne renegou a todos no final! - replicou Picasso, preparando novas misturas de cores.
Vollard não deu mostras de ter ouvido o cáustico comentário do artista. Voltando a sua posição de frente para a tela, disse:
- Sem dúvida ele tinha um caráter muito especial... parece que ainda escuto sua voz com tosco sotaque provençal, quando ele quase declamava: "Amigos, todo o truque está em reduzir as formas dos objetos à forma do cubo, do cilindro e da esfera!".
Sorriu percebendo a semelhança de sua imitação. Mas Picasso mostrava sinais de impaciência.
- Vamos continuar, monsier Vollard?
O marchand deteve a avalanche de recordações que enchia seus pensamentos e ficou na pose indicada por Picasso. Nos minutos seguintes, só se escutou no estúdio o roçar dos pincéis do artista sobre a tela. De repente, a voz de Picasso quebrou o silêncio.
- Cézanne tinha razão! disse categoricamente.
E continuou procurando novos ângulos, quadriláteros e cubos no rosto de seu amigo Ambroise Vollard.

6.12.07

Um Enigmático Sorriso

Monalisa, Leonardo da Vinci (1452-1519)


A Monalisa e seu enigmático sorriso foram inspirados em um modelo vivo, Lisa Gherardini, esposa de um rico mercador florentino, Francesco Del Giocondo, dezenove anos mais velho. Francesco encomendou um retrato da mulher para pendurá-lo na sala de jantar. Lisa começou a posar em 1503. Leonardo da Vinci (1452-1519) levou quarto anos fazendo o trabalho e jamais chegou a concluí-lo como desejava. É que Francesco ficou impaciente com a demora, proibiu sua mulher de continuar posando e não pagou pela obra. O rei francês Francisco I comprou o quadro para decorar o seu banheiro. Alguns estudiosos dizem que Monalisa poderia ser Constanza d'Avalos, amante de Giuliano de Médici. Monalisa é provavelmente o retrato mais famoso na história da arte, senão, o quadro mais famoso de todo o mundo. Poucos outros trabalhos de arte são tão controversos, questionados, valiosos, elogiados, comemorados ou reproduzidos. Lillian Schwartz, cientista dos Laboratórios Bell, sugere que a Mona Lisa é na verdade um auto-retrato de Leonardo, porém, vestido de mulher. Esta teoria baseia-se no estudo da análise digital das características faciais do rosto de Leonardo e os traços do modelo. Monalisa não tinha sobrancelhas já que a moda da época (Renascença) era raspá-las. Um algoritmo de computador desenvolvido na Holanda pela Universidade de Amsterdã, em colaboração com a Universidade de Illinois nos Estados Unidos, descreveu o sorriso de Mona Lisa como uma mulher: 83% feliz, 9% enjoada, 6% atemorizada e 2% incomodada. Mas, a harmonia total conseguida no quadro, visível especialmente no sorriso, reflete a unidade entre Natureza e Humanidade que era parte importante da filosofia pessoal de Leonardo.

la Sagrada Familia


Templo Expiatório de la Sagrada Familia

A obra mais emblemática de Gaudí - interrompida após sua morte e por falta de verba - é impressionante por três motivos principais: o primeiro, evidentemente, por sua grandiosidade monumental; o segundo, igualmente impactante, por sua inusitadíssima arquitetura; a terceira, por estar em permanente construção desde 1.882, o que lhe confere uma particularidade curiosa e intrigante, pois não foram deixadas plantas do projeto total. Dizem que se não houver interrupção no cronograma de obras, segundo o ritmo atual e histórico, elas estariam concluídas daqui a 50 anos.

Barcelona - rota cultural


Durante muitos anos conhecida como a capital industrial da Espanha, Barcelona é atualmente considerada um dos centros culturais mais importantes da Europa. Aqui encontram-se as mais importantes obras do famoso arquiteto António Gaudí.

Farólas da Plaça Reial
Casa Vicens
Casa Batlló
Casa Milà (ou La Pedrera)
Palácio Güell
Parque Güell
Fincas GüellTemplo
Expiatório da Sagrada Família
Igreja da Colônia Güell, na cidade vizinha de Santa Coloma

Merecem atenção:

Museu de Arte Contemporânea de Barcelona
Museu Nacional de Arte da Catalunha
Museu PicassoFundação Joan Miró
Fundação Antoni Tàpies
Poble Espanyol

fonte

5.12.07

O Inferno da Biblioteca - Eros em segredo


A Biblioteca Nacional da França (BNF), em Paris, mostrou pela primeira vez uma exposição de livros e gravuras que foram mantidos escondidos do público durante mais de 150 anos devido ao seu conteúdo considerado altamente erótico e imoral.


A mostra O Inferno da Biblioteca – Eros em segredo abordou cinco séculos de erotismo em textos, desenhos e fotografias. O “Inferno” era o nome do código criado pela biblioteca, em 1844, para catalogar obras consideradas libertinas e obscenas. Elas eram mantidas em um acervo de livros raros, e, para consultá-las, era necessário submeter o pedido a um comitê examinador.

“A decisão de impedir o acesso aos livros eróticos não era do poder público e sim dos próprios bibliotecários. No século 19, a BNF se tornou um local público para leitura e, como existia um certo puritanismo, as pessoas queriam evitar que livros ousados circulassem por todas as mãos”, diz Marie-Françoise Quignard, uma das curadores da exposição.

Fonte BBC

"construtores do imaginário"

Uma linguagem só não bastava a esse autor. Construía, esculpia, pintava, grudava, revestia. No entanto, ainda faltava expressão: aí escrevia dentro da casa, fazendo dela agenda, arquivo, dicionário. A obra poética foi esticada até os limites". (Carlos Nelson Ferreira dos Santos, arquiteto e antropólogo).

Rio de Janeiro. São Pedro da Aldeia. Uma pequena casa. Uma jóia. Obra-prima da arquitetura espontânea, construída por inspiração de sonhos e devaneios de um homem pobre e semi-alfabetizado. É a Casa da Flor, obra de Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985), simples trabalhador nas salinas, filho de uma índia e de um ex-escravo africano, foi embelezando seu lar com materiais recolhidos no lixo doméstico e no refugo das obras civis do local, guiado por sonhos e uma fértil imaginação. Considerada uma obra prima da arquitetura espontânea no país, a Casa da Flor, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural precisa ser preservada. Arquitetura Espontânea é uma arquitetura baseada em soluções surpreendentes porque foge dos padrões tradicionais e porque nascida do uso de materiais considerados pouco nobres e nada convencionais. Vem despertando a atenção de críticos e teóricos em todo o mundo e seus autores - os "construtores do imaginário" - estão sendo redescobertos e merecendo, em outros países, a publicação de livros de arte, estudos críticos, filmes, etc. No Brasil, infelizmente, essa discussão é quase inexistente e precisa ser introduzida, já que contamos com um exemplar perfeito e de qualidade inquestionável que é a Casa da Flor.

Fonte: Amelia Zaluar. A casa da Flor: uma tentativa de compreensão. In: FUÃO, Fernando Freitas, coord. Arquiteturas fantásticas. Porto Alegre, UFRGS, 1999.