26.8.06

"O atestado de óbito da esperança"


Esperando Godot, obra-prima do dramaturgo irlandês Samuel Beckett (1906-1989). A peça estreou em 1953 e se tornou um divisor de águas no teatro do século passado. Na história, dois vagabundos aguardam a vinda do sr. Godot, que nunca aparece. Enquanto aguardam, eles iniciam uma reflexão a respeito da vida. No centro de Godot, estão dois palhaços tristes, implicantes, insatisfeitos e solitários, que passam os dias a esperar a solução de seus problemas. Na trama, os vagabundos Estragon e Vladimir esperam em vão a chegada de um personagem enigmático, um certo Godot (símbolo do inalcançável). Beckett foi capaz de mergulhar nas mazelas inerentes à condição humana, encontrando a solidão e o absurdo dessa condição. Baseando-se na chegada de Godot, as personagens mostram a constante busca pela felicidade para reverter sua condição de miséria. Atualidade social e metafísica e uma incrível comicidade tornam "Godot" um grande espetáculo popular. A obra de Beckett, mais do que representar a superfície inteligível da vida, o autor disseca a consciência humana e os sistemas pelas quais tentamos organizar nossas vidas.

"Godot...será que ele vem? Será que não? Talvez virá... amanhã!"

Nota: Samuel Beckett é considerado o pai do chamado "teatro do absurdo". Abordando o vazio da vida criou um humor: amargo, sombrio, levemente absurdo na sua disposição de ser irônico e zombeteiro. Em 1969, Beckett recebeu o Prêmio Nobel de Literatura.

Imagem: Intervenção urbana Esperando Godot. Direção:Wolfgang Pannek, SP, 2000.