21.4.07

A crise da arte contemportânea



"Quando a gente entra, dá para entender porque é gratuito!" (A crise da arte contemportânea definida por um chofer de táxi diante do Tate Modern Museum em Londres).

"Não são os trabalhos conceituais que afastam o público das manifestações do gênero. É a maneira como estes trabalhos são usados para criar uma estratégia de decepção. Hoje, como não existe mais nada para contestar, creio que se pode dizer que, infelizmente, entramos na Era da Frustração, na qual, não apenas os artistas mas sobretudo os que detem o poder institucional, fazem exata e propositalmente o oposto daquilo que o público espera. Saindo de seus secretos e inatingíveis “conciliábulos de especialistas”, eles parecem dizer: “Você quer isto? Ah! Então não vai ter!”. Trata-se de algo que, além de perverso, é a expressão máxima da coqueteria, coisa da ordem de uma sedução barata. O que, paradoxalmente, não pode ser mais destrutivo e incorreto. Se não, em meio a tantas “denúncias”, que saídas apontam as obras que enchem as Bienais?" Sheila Leirner, jornalista, crítica de arte e curadora, autora do blog "Como,Onde e Como", em entrevista a Revista Valor Econômico.

"É preciso tirar a arte do gueto em que a instalaram, como se fosse um produto totalmente solto no tempo e no espaço, e convocar para a análise de obras e autores, de maneira sistêmica, alguns instrumentos críticos das ciências humanas e sociais, contrariando, assim, a estranha afirmação do maior crítico norte-americano do século passado — Clement Greenberg, que a lingüística não tem nenhuma contribuição a dar à crítica de arte. A antropologia, a sociologia, a psicanálise, a semiologia e o estudo da economia e do marketing, entre outras disciplinas, têm muito a esclarecer sobre o imbroglio em que a arte se meteu. Repito: é preciso tirar a questão da arte do gueto em que a instalaram, onde certos curadores, leiloeiros, marchands e galeristas decidem o que antes estava na alçada de críticos, ensaístas, historiadores, professores colecionadores que não encaravam a arte como pura commodity".


Affonso Romano de Sant´Anna, escritor, poeta, ensaista, em Desconstruindo Duchamp