30.7.06

Os nus de Muybridge


Os primeiros nus masculinos na história da fotografia surgiram em 1872, com fins científicos. O britânico Eadweard Muybridge uniu fotografias individuais, captadas separadamente, tornando visíveis as fases da locomoção, utilizando como modelos animais domésticos, além de mulheres e homens nus, inclusive ele mesmo. Seus estudos foram publicados somente em 1887 e conquistaram uma comedida respeitabilidade científica, já que os modelos nus, principalmente os masculinos, representavam um escândalo. A divulgação do escândalo de Muybridge serviu de estímulo a outros artistas, que não buscaram qualquer justificativa científica para fotografar ou utilizar fotografias de nus masculinos. Thomas Eakins, considerado o maior pintor norte-americano do século XIX, utilizou os trabalhos de Muybridge na composição de suas pinturas, mas foi forçado a renunciar ao cargo de professor da Academia de Belas Artes da Pensilvânia, por trabalhar com modelos masculinos nus em uma turma mista. A circulação paralela e ilegal do nu artístico masculino perdurou em muitos países até o final da década de 1960. Em 1968, a revista americana Grecian Guild Pictorial venceu uma ação na Suprema Corte dos Estados Unidos, que finalmente reconheceu essa modalidade de fotografia como arte. A profusão de revistas explorando o nu masculino, de apelo artístico, erótico ou mesmo pornográfico, cresceu vertiginosamente desde então.

Crédito imagem:
wikipedia.org

21.7.06

Política de Eventos

Ao longo das décadas governantes brasileiros tratam a cultura pelo seu aspecto "espetacular". A cultura é "show". Dirigido a um determinado mercado cultural, focalizado um certo extrato da população. Neste entendimento só teriam acesso à cultura os grupos sociais intelectualmente preparados para consumir aquela obra ou aquele produto ofertado. Na verdade o que interessa aos gestores oficiais é se o "espetáculo" produz visibilidade política. Em todo o País tem se praticado de maneira uniforme os "megaeventos" em nome da cultura. Exemplo disso são os carnavais fora de época - nichos de mercado de gravadoras, companhias de bebidas e marketing político. Um formato multiplicado nas capitais brasileiras. A prática reforça a postura "dirigista", já que desconsidera diferentes modos culturais. À margem de uma política de apoio à produção e ao artista, as populações urbanas e rurais praticam as várias formas de expressão, geralmente ignoradas pela grande mídia e pelo mercado formal. A política de eventos no Brasil é caracterizada pelo efêmero, interesse político e favorecimento econômico. Um grande evento governamental ou não, só se justifica se tiver sentido na vida das pessoas e que o acontecimento venha irrigar o tecido social. Novas tendências na arte, lançamento de produtos, avanços tecnológicos, abertura de mercados, encontros com temas amplos na mobilização da comunidade científica e no intercâmbio das culturas, na certa, são necessários. Esse tipo de ação de grande porte, pela própria natureza, traz no seu interior resultados provocadores ao fortalecimento cultural, a tomada de rumos e novas posturas frente as grandes questões do mundo contemporâneo.